...domingo...,...dia cinzento...,...uma garoa se fazia -insistente e molesta...,...e eu naquele terraço a contemplar o que -verdade seja dita- não estava para sãs contemplações...,...tudo lá fora se mostrava por demais acabrunhado...,... -na tentativa de alegrar um pouco o ambiente puxei o meu dileto companheiro \"Jack Daniel\'s\" para duas doses e meia de prosa...(...aqui, num devaneio poético, eu poderia completar o quadro dizendo que o \"proseamento\" se deu entremeado por baforadas exaladas pelo fumar de um encorpado e perfumado charuto -à la Ernest Hemingway...,...mas, não, eu não fumo...-e não minto...)...,...a minha visão -tida pelo jeito de como eu me acomodava naquela surrada poltrona- seguia uma linha paralela à do parapeito que encimava balaústres \"renascentistas\" empoeiradamente enegrecidos, levando o meu olhar a se fixar nos cumulonimbus que se movimentavam agitados nas alturas como a bradarem trovejantes: ...-\"hoje os Céus a nós pertencem!\"...,...aquela atmosfera me conduzia, mais e mais, a \"entranhamentos\" um tanto quanto melancólicos...,...vieram-me reflexões mil...,...e aqui, uma delas -encerrando esse meu macambúzio relato, repasso a vocês:
Há n\'alma mil dores enraizadas,
a constante e intenso crescer,
efêmeras forças nos incitam
a podá-las quando em vez.
...e é o que a nós se concede!
Sergio Neves
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