No espelho me vi,de repente
sob uma luz inclemente ,a brilhar.
Caiu_ me a venda do olhar.
A imagem lá,a me encarar.
Ah! Como o tempo foi me marcando.
Nem tenho mais o brilho do olhar!
Onde foram parar meus sonhos?
Depois de décadas passadas
ainda busco meu porvir risonho.
Passei a vida ocupada...anos escorrendo.
Querendo realizar o que de mim esperavam.
Eu me enquadrei no perfil social
desenhado para o perfil feminino da época.
Não contestei. Rezei pelo figurino...
Não beijei quem eu queria...fugia.
Sublimei desejos da carne_ tão normal!
Tudo era pecado. Para ir para a cama...
Bem,primeiro passava pelo altar.
Virgindade era moeda de troca.
Jovem casadoira,sonhadora, desabrochava,me guardava...
Só o luar me beijava,mas meus anseios não saciava.
Tinha mesmo que sublimar,me siliciar!
Vida sexual sem altar não se coadunava,!
Que santa,secular hipocrisia grassava.!
Sabotei meus melhores anos
mas,ia me amoldando ao projeto socio_ educativo,religião no comando.
Eram os freios da época.
Assim como as línguas cortando juvenis reputações, difamando.
Ah! Quanto tempo perdido.,!
Não comi com apetite
todo o bacanal juvenil.
Hoje,faltam_me o apetite e os dentes,,!
Mas,como ainda tenho mente a me guiar
E não sou temente ao seu julgar,
Aqui esparramo meu grito altissonante
contra toda repressão social.
Aquela velada ou escancarada
mãe de toda violência contra a mulher,sempre oprimida,vilipendiada,carne barata no açougue da vida,espancada,morta sem ser justiçada.
Sou contra o tiroteio de silêncios dos que calam e consentem o feminicidio!
Não foram paridos por Mulher. E dou fé!
Maria Dorta