Helio Valim

Alma ardente

 

Dizem que sou “Marvada”,

mas, aqueço corações

e, explicitamente velada,

inspiro doces canções.

 

Falam que sou alienada,

pois, consumida nos grotões,

de uma sociedade alheada,

entorpeço multidões.

 

Oram, me chamam Bendita,

venho de várias regiões,

sou sua companhia favorita,

ribalta de inúmeras paixões.

 

Cortam minha cabeça, a maldita,

me destilam em duas versões,

em Amburana sou envelhecida,

sou patrimônio de emoções.

 

Destilam minha alma fermentada,

separam meu coração em porções,

ao pingar no alambique, recatada,

sou Pinga, sou ardente em sensações.