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Eduarda Figueiredo

Peregrino Sombrio

Chega à tua casa e ouve a saudação do Silêncio:

Ninguém há que entre risos e brilho no olhar venha te receber.

Come em quietude teu prato, teu quinhão:

Ninguém há que se sente ao teu lado para te servir. 

Contempla as estrelas e mergulha no vazio profundo do céu:

Ninguém há que pegue tua mão e te guie na imensidão.

Veste teu casaco, apanha teu guarda-chuva, sai do teu abrigo:

Ninguém há que na chuva possa lhe seguir alegremente os passos.

Procura um lugar de onde possas avistar as longínquas luzes da cidade:

Ninguém há que de amor lhe venha falar.

Segue tua vida solitária, ó peregrino sombrio, buscando alguém 

que venha a te amar e assim lhe faça viver.