O tempo chora sobre a terra seca
A revoada da chuva é demorada
Troveja um dia outro esbraveja
A vida enorme sem água é nada
Tempo lento me envolve inteiro
Tal qual o amor da flor que vejo
Na boca doce do sertão brejeiro
Sinto a saliva do primeiro beijo
Chove torrencial lá na montanha
A lama escoa em cratera no chão
Cheiro de terra invade entranhas
Instigando a fera pulsa o coração
A vida envolve ecos de tormentas
Antes chora a seca agora ri d’água
Risos de ironia da chuva violenta
Que caí da nuvem como lágrimas
Nas tardes um livro sozinho eu lia
Lusíada de Camões missivo robusto
“Onde a terra acaba o mar principia”
Insisto à toa há ter senão um susto.