Haroldo Max de Sousa

FLORBELA ESPANCA

Tu és, não fostes! Ainda choras sorridente

Nos versos, nos beijos, apaixonada e rouca;

Tu és o cheiro da paixão, maior e demente,

Na vida jovem que foi-se, sendo tão pouca!

 

Tu és, não fostes! A dolorida que chora,

Ainda hoje suplicas desejos ardentes;

Sentimentos demais, grita e implora

Ser louca, poeta, e amar perdidamente!

 

Outras vidas tens, tivestes fogo e dor,

Volúpia, amargura, amiga, deusa perdida

Incorpóreo a minha, renhida, desamor!

 

Não fostes ainda desse vale da perdição.

És mais que alma perdida, és alma sentida!

És Florbela, poetisa da minha inspiração!