O poeta espreita,
O filósofo formula.
Axiomas são máximas;
Linguagem poética, sentimento.
Há um lago vazio
Entre os dois lados:
O poeta não deserda, assume;
O filósofo cria, não interage.
O filósofo é proverbial,
Verbaliza em suas sentenças
Os aforismos das possibilidades;
A poesia transcende as emoções
E, embora use da conotação,
Vincula-se à realidade
Através da sugestão.
O filósofo desmente verdades;
O poeta atinge o impalpável
Por meio dos sonhos.
O poeta é explícito;
O filósofo, enigmático.
Enquanto o filósofo é empírico,
O poeta é onírico.
Consoante o conhecimento filosófico,
A verdade se expressa pela experimentação;
Já a poesia se apoia na sensibilidade
E no prazer abstrato, estético... Poesia é sedução!
O filósofo emite
Seu entendimento particular;
O poeta exprime
O belo na configuração
Do Pensamento.
O filósofo é cientificista;
O poeta místico.
Quando o filósofo
Desmente dogmas sagrados,
Afirma que a alma é atomística,
Que se fragmenta e se dissipa,
O poeta, artesão da palavra,
Mostra que a natureza é divina
E que há um ser superior,
Criador de tudo quanto existe.
O filósofo, então, é um especulador;
O poeta, em sua essência, excelso.
Apenas no âmbito do bem
Se aproximam, pois,
O mal provém
Da natureza humana,
Por isso a fraternidade
Deve ser uma
Experiência coletiva,
Porque o orgulho e a ambição
São ervas daninhas.
Poesia e Filosofia são artes,
Cabe ao engenho de cada ser
Saber interpretá-las
E conviver com as diferenças!