Crica Marques

Carta de (des)amor

Essa dor não faz o menor sentido

Mas é sentida, precisa ser sentida

É essa a dor de um grande amor

E de sua morte, de seu fim

 

Essa não é uma carta comum. Cheia de sonhos, de colorido.

É uma carta de dor e de amor, de (des)amor.

Lida por vozes diferentes,

“é um sentimento conjunto em que vários corações se derramam e se consolam”. (VictorOH)

Ela flui com a intensidade do sentir, com o que faltou, com o que sobrou.

Com as composições de cada momento único.

Fato raro, é resultado de fonte única, de uma só inspiração.

 

Você quebrou a sequência

E trouxe ação, reação, confusão

Você me satisfaz sem me preencher

E me ancora sem me prender

 

Você virou meu (des)norte

Um amor sem romance, quem diria?

Travessia sem bússola

Sem rota de navegação

Sem porto e sem rumo

 

Me deixo levar

Deixo você me pilotar

Atravessar, percorrer, romper

 

Quando a tempestade passa

E você se vai

Tudo se esvazia

A viagem termina, a onda quebra na areia

E fico só.

 

Tenho mais medo de deixar você ir

Do que te permitir entrar de vez

Porque seu olhar

Ah, esse olhar de imensidão em cinza

É de preenchimento completo

E de um vazio assustador