gil miranda

São sons

São sons em instrumentos de corda.

Qualquer toque na corda, ressoa.

O dedo não persiste na corda

Mas persiste o som que ecoa.

 

Caso, tortuosa melodia,

O fio, não apreciar ao toque.

Resulta maldita harmonia.

Quão justa aflição o sufoque.

 

Se sente prazer a corda tocar

Por incompreensível motivo,

Ver-te-ão pelos ouvidos sangrar

Num maldito concerto, cativo.

 

Foi isso, pela árvore, dito,

Cujas folhagens ao céu chegavam.

Pois, a ela, me fiz ser ouvido.

Que emoções me amofinavam.

 

A grande árvore me exorta:

Não reviva o que traz lamentos.

Quanta perturbação tu acorda

Por não saber como sentimentos…

 

São sons em instrumentos de corda.

Qualquer toque na corda, ressoa.

O dedo não persiste na corda

Mas persiste o som que ecoa.

 

 

Miranda, Gilberto. Rio de janeiro, 10 de maio de 2020. 23h04min.