Quando esse frio
que vem do teu olhar vazio
me enche de pavor
eu fico quieto
vejo as nuvens pararem entre os prédios
uma velha torta sorrir sem dentes
haveria virgens tolas, a chorarem de paixão?
Quando esse vazio
que vem do teu olhar frio
me enche de temor
eu quero correr
das sombras que passeiam pelo chão
dos mistérios que se ocultam atrás de mim
da fechadura que me olha atenta
Quando esse pavor
que vem do teu olhar de medo
me enche de frio
eu fico tonto
pego as mãos e guardo-as nos bolsos
fecho os olhos e deito-os no chão
abro a boca e espero um grito fugir
Quando esse temor
que vem do teu olhar de tédio
me enche de vazio
eu paro calado
fecho a janela e apago a luz
e olho pelas frestas das telhas
a nudez clara do Sol