Jonas Teixeira Nery

ExistĂȘncia

Quando a noite caía,

silenciosa e lenta, essa noite cálida!

Aconchegava-me nesse quarto escuro,

entre penumbras e desalentos, nessa ausência.

 

Todas as coisas assumiam contornos,

surgindo a esmo entre os lençóis destoantes.

Sentia medo de tudo, nessa noite fria.

 

 

Pragmático corria pela estrada fictícia,

buscando um refúgio nos seus braços,

mas a noite era plena entre gemidos,

total, em cada canto nesse alento.

 

Percebia que cada gesto era inútil,

desproporcional entre tormentas e desejos.

Toda fuga era impossível e pressentida.

 

Restava-me apenas a luz artificial,

em qualquer canto, se insinuando,

entre meneios, entre sonhos,

nessa noite de incertezas, enlaçando-me.

 

Não, não pretendo falar dos meus medos,

ainda que me sufoque tanta angústia,

nutrindo tanto desamparo nessa erosão,

impingindo-me tortura teimosamente, nessa partida.

 

Ficou essa existência de olhares inseguros,

contaminado pelas estórias inventadas,

na composição desses espaços de incerteza,

emulando essa minha vida insípida, destoante.