Quando a noite caía,
silenciosa e lenta, essa noite cálida!
Aconchegava-me nesse quarto escuro,
entre penumbras e desalentos, nessa ausência.
Todas as coisas assumiam contornos,
surgindo a esmo entre os lençóis destoantes.
Sentia medo de tudo, nessa noite fria.
Pragmático corria pela estrada fictícia,
buscando um refúgio nos seus braços,
mas a noite era plena entre gemidos,
total, em cada canto nesse alento.
Percebia que cada gesto era inútil,
desproporcional entre tormentas e desejos.
Toda fuga era impossível e pressentida.
Restava-me apenas a luz artificial,
em qualquer canto, se insinuando,
entre meneios, entre sonhos,
nessa noite de incertezas, enlaçando-me.
Não, não pretendo falar dos meus medos,
ainda que me sufoque tanta angústia,
nutrindo tanto desamparo nessa erosão,
impingindo-me tortura teimosamente, nessa partida.
Ficou essa existência de olhares inseguros,
contaminado pelas estórias inventadas,
na composição desses espaços de incerteza,
emulando essa minha vida insípida, destoante.