UM JEITO MOLEQUE DE SER
Jamais saberia em tão tenra idade
Do plantio e colheita, do ignoto destino
Qualquer colorido diante do olhar
Que pudesse sentir ou mesmo tocar
Era tudo brinquedo nas mãos do menino
O dia que parece ser curto demais
Pr\'aquele que nasce com dotes ladinos
Faz braço-de-ferro frente a sua energia
Se queda pra força da tão pequena cria
E quem sabe perdoa os seus desatinos
Num dia chuvoso se lhe muda a rotina
Ingerência da vida que vem repentino
Aos brincos da rua não tem permissão
Remove dum canto um velho violão
E vibram as cordas na mão do menino
Peraltices que vão surpreender o infante
No som destoante e cruel desafino
Na inconstância remexe no bem alheio
Pra disfarçar o indomável anseio
Do mundo lá fora que chama o menino
Inventa a canção, e imagina a platéia
Piston, bateria, guitarra e o violino
A banda completa nos palcos da vida
Fama e riqueza, pobreza esquecida
E o mundo aplaudir talentoso menino
Quanto tempo cantou e o quanto tocou
Se cantor se formou nem eu imagino!
Só sei que a chuva parou qualquer hora
A porta irrompeu saltitando pra fora
Se sujando no barro o divertido menino