Paisagem escondida
... pensamentos abraçando tudo o que vê, com a alma,
falta de sentimentos, feito galho seco que desce o rio,
deixar doer sem se ferir, sofrer, mas superficialmente.
Escrever devaneios, esquecer a lógica, seguir o instinto,
levemente deixar-se flutuar, ir... abstrair, sem fazer
parte alguma do mundo, e ser, somente.
Perder-se pelos cantos sem querer se encontrar.
Depois fugir, esquecer o que não quis dizer...
A poesia não fala tudo, a verdade se esconde,
para além das letras ... Escrever o que não sente
para não se aprofundar.
O poeta deixa os seus rastros, estes não se perdem
aos olhos que com alma o segue, por trás de um tempo
chuvoso, na paisagem escondida, esconde o seu rosto,
mas a sua alma não. O amor alimenta-se de poesia.
Poucas vezes ou quase nunca
escrevo pouco, gosto de detalhar as belezas e escombros
da alma, quando digo pouco não traz o devido alívio, omitir
sempre ajuda, sem a realidade confundir.
Nos mistérios de um poema tantos sonhos secretos
permanecerão adormecidos.
Liduina do Nascimento