Liduina do Nascimento

Paisagem escondida

 

 

Paisagem escondida

 

 ... pensamentos abraçando tudo o que vê, com a alma,
falta de sentimentos, feito galho seco que desce o rio,
deixar doer sem se ferir, sofrer, mas  superficialmente.
Escrever devaneios,  esquecer a lógica, seguir o instinto,
levemente deixar-se flutuar, ir...  abstrair,  sem fazer
parte alguma do mundo, e ser, somente. 

Perder-se pelos cantos sem querer se encontrar.
Depois fugir, esquecer o que não quis dizer...
A poesia não fala tudo, a verdade se esconde, 
para além das letras ... Escrever o que não sente 
para não se aprofundar.

O poeta deixa os seus rastros, estes não se perdem
aos olhos que com alma o segue, por trás de um tempo
chuvoso, na paisagem escondida, esconde o seu rosto,
mas a sua alma não. O amor alimenta-se de poesia.

Poucas vezes ou quase nunca
escrevo pouco, gosto de detalhar as belezas e escombros
da alma, quando digo pouco não traz o devido alívio, omitir
sempre ajuda,  sem a realidade confundir.
Nos mistérios de um poema tantos sonhos secretos
permanecerão  adormecidos.

Liduina do Nascimento