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Artur Curadete

Condenação ao não-ser

Condenação ao não-ser

Aonde hei de conquistar esse valor que tanto dizem;

Que tanto me cobram com vigor;

Se eu, em meus olhos carentes de qualquer sublimidade;

Encho a íris acastanhada de brilhar fugaz através do valor em cada olhar;

Em cada imagem... Em cada coisa... Em cada pessoa...

No tocar de cada onda turbulenta do mar;

No balançar dos ventos que me elevam feito à pluma;

Na vivacidade dos dentes que me encanta a alma.

Como hei de conquistar valores nobres como esses?

Se todos esses, apenas por existirem,

Existem muito mais do que eu.

 

Não há valor no que precisou ser,

Ou no que precisou aprender a ser;

No que precisou aprender a tocar, a elevar, a sorrir ou a brilhar.

Afinal, o mar sempre tocou; o sol sempre brilhou e vocês sempre sorriram;

Não se queixaram nunca como sê-lo tal valor, apenas o são;

Já eu, por ventura, talvez, não hei de ser nada;

Eu, talvez nunca encante as almas com os dentes;

Eu, talvez, nunca eleve ninguém como o vento;

Eu, talvez, nunca toque ninguém como o mar;