Mony

Escolhas

Noite de lua cheia, lindas ciganas a dançar ao redor da fogueira

Há um cigano em especial, que só observa a linda dança de tão belas mulheres 

Terás que escolher uma delas, mas todas não despertam interesse 

O que falta para que alguma cigana penetre no coração do belo moço?

Já é tarde, nada o faz ter interesse para casar, nem mesmo os dotes 

Chega o fim da noite, os primeiros raios de sol começam aparecer 

Envergonhado, se despede e deixa a impressão que não houve encantamento

Seu ar é de cansaço,

Como escolher em uma noite aquela que será sua mulher, sua pra sempre esposa?

De volta ao seu acampamento, se depara chorando, pois parece não ter motivos para amar 

Não se renderá a uma tradição, sem levar em conta seu coração

Naquele dia descansou,

A tarde selou o cavalo e se pôs a cavalgar, sem destino, sem pretensão

Só queria um tempo sozinho

Um tempo para acolher e entender porque tamanha crueldade casar por obrigação.

Nessas andanças encontrou uma choupana, ao lado de um lindo rio

Parou para beber água e sem acreditar no outro lado da margem viu uma moça

Cabelos longos com adereços, roupas coloridas, adornos diferentes 

Mas não era cigana, 

Moça bonita, de anéis e pulseiras

Cabelos com tranças de fitas vermelhas

O brilho do olhar dela foi direto no coração, como.flexa enfeitiçada 

Mas o que fazer?

E a tradição de seu povo?

Moça, não só bonita, mas determinada

Chegou bem perto e disse 

Não tenha medo 

O mínimo que acontecerá é ser feliz,

Vejo em seus olhos o brilho do amor 

Eu sabia que viria, mãe terra me falou 

Sou hippie, sou livre, sou do planeta 

Faço minhas regras, acredito nos cosmos, na estrela guia na energia que faz juntar dois corações

O que fará?

Volta para seu povo, pense em você 

Se um dia decidir viver sua vida, seus amores e sonhos 

Aqui estarei, até a próxima colheita do que plantei

Depois eu não sei, talvez fique ou quem sabe outro destino conhecerei 

Mas vá, tenha seu tempo 

O amor é atemporal

Acredito nele, acredito no universo

Se tiveres que viver comigo voltarás

Escolherás voltar 

Um abraço profundo, carícias no rosto, um beijo de amor 

Saiu em silêncio e a estrada pegou 

Nunca tinha vivido liberdade, nem sabia o que era isso

De volta ao acampamento, os ciganos mais velhos logo vieram 

Vieram cobrar uma postura, uma decisão 

Naquele momento ele entendeu que apesar do sangue cigano ali não era mais  seu lugar.

Passaram- três dias calado, deitado na tenda

 lembrava daquela hippie, daquela moça hippie que vive a liberdade, prega o amor sem fazer esforço 

Quarto dia, decidiu falar para os anciãos que estaria deixando o clã 

Em meio a insatisfação de todos, pegou seus pertences e partiu 

Partiu para a vida, para liberdade

partiu para ter a chance de se enamorar 

Chegando na choupana, viu a hippie de longe realizando uma dança 

Dança da gratidão pelas colheitas da estação 

No final da dança, tirou a roupa e nua 

Deu um mergulho de purificação

para  receber o novo que se aproxima

O cigano ficou completamente enamorado ao ver, como ela lidava com a nudez, com a natureza, com o sagrado 

Foi convidado a entrar no rio, de água cristalina 

Como faria, retiraria as roupas?

Em um sorriso a moça disse, eu, você e a mãe natureza somos um 

Não tenha medo, seu corpo é sagrado e não precisa de roupas para ser respeitado 

Assim fez, brincaram, sorriram, dançaram, beijos foram trocados, beijos apenas beijos 

No pôr do sol, mudaram suas roupas fizeram uma fogueira e filosofaram sobre a vida, os sonhos, a arte, a arte de plantar, pintar, se relacionar

Fumaram um cigarro, com cheiro de erva que como ela dizia 

Sente a brisa, deixa sentir 

Após conversas, tragadas e gostoso vinho foram para choupana

Dormiram agarradinhos 

Sem cerimônias, sem festa 

Apenas a entrega de dois corações livres, nômades

O amor brotou da simplicidade de respeitar o outro do jeito que é 

O amor, não precisa de testemunhas, não precisa de dotes, 

Para o amor, basta ser 

Basta escolher 

 

 

 

 

 

Por: Monica