Marcelo Veloso

OBVIEDADE

O singular saber ouvir,

deve deletar o questionar,

para que o desejo de falar,

não sucumba a razão do resistir.

 

O silêncio tem sua singeleza,

que provoca uma sensação serena,

não deixando a alma pequena,

e nem frutificando a tristeza.

 

Mas, se a redoma é o espaço,

onde o impedimento ao gostar se acumula,

deixa riscado como numa bula,

o dosado anestesiar do fracasso.

 

O pensamento, então, naufraga,

em um oceano de frivolidade,

transformando a sinceridade,

num  posicionamento sem graça.

 

Mas, há sempre um recomeço,

pra se consertar o conteúdo,

deixando o sorriso graúdo,

e a opinião sem nenhum adereço.

 

Apesar da retórica confusa,

em que pese o ceder sem exigência,

faz-se um apreço à paciência,

superando a objeção intrusa.

 

Não há o risco de conduta,

quando o objetivo é doação,

tendo sempre a superação,

do instar sentimento de disputa.

 

Então, o óbvio se torna uma lida,

num essencial entendimento,

de que, para cada momento,

o amar é mais importante na vida.