Nelson de Medeiros

ESPERANÇA

ESPERANÇA

 

Esvai-me o outono da vida, cansado e triste,

E a dor falaz desta jornada inda me alcança...

Mas, vou buscando em prece a última esperança

Na fé que dentro d!alma eu trago e que resiste....

 

Sentindo a sombra que me sonda e que persiste

Em lancinar minh!alma impura, como lança,

Busco abrigar-me no escaninho da lembrança,

Pois sei que além existe Alguém que  tudo assiste...

 

Não me abandono nas sarjetas da amargura,

Não me revolto ante o pavor da noite escura,

Nem me permito ver minha alma torturada...

 

Sei que ela chora, sei que sofre, mas porfia

Numa esperança imorredoura, pois confia,

Que há de raiar a primavera ensolarada!