Somos velhos caracteres,
Migrantes de outras línguas.
Às vezes soamos como vogais,
Doutras como consoantes.
Na verdade, no Português
Não temos muita serventia,
Valor mesmo apenas nos
Símbolos internacionais.
Como gostaríamos de ter
Importância neste idioma
Latino de Camões!
Acontece que
Fomos incorporados há pouco
E os vocábulos já estão formados...
Talvez possamos ilustrar neologismos,
Quem sabe?
Melhor do que vivermos soltos
E sem a devida utilização.
Sabemos que no Inglês
E em outros somos fortes,
Pertencemos ao alfabeto original,
Porém, aqui... É tão difícil!
O que se torna empecilho para nós
É que temos homófonos, senão vejamos:
O K é primo do C;
O W, parente do U e do V;
O Y muito se parece com o I.
Ora, por que nos trouxeram, então?
Nem convite houve, fomos sequestrados!
Estávamos tão bem onde vivíamos,
Agora para muitos somos intrusos
E que aqui chegamos para perturbar
A vida dos estudantes, dos escritores,
Dos poetas...
Estamos dispostos a fazer um acordo:
Instituam um abaixo-assinado
E Proponham a nossa retirada,
Porque assim podemos sair como entramos:
De cabeça erguida!
DE Ivan de Oliveira Melo