Chico Lino

ESDRÚXULO

ESDRÚXULO
Chico Lino

Não existe o nada
Se o nada existe
É alguma coisa
Mesmo não identificada

Vamos passear na praça?

O coronavírus já vem
Pular carniça no quintal
Brincar de roda
Bolas de gude
Passar anel
Bambolear

Cabra cega,
A pandemia pega

Vou construindo sem medo

Carretéis vazios, menininho
Linhas imaginárias
Vagando estradas deslizando barrancos
Abrindo meu caminho
 
Boizinhos
De melões São Caetano
Boiadas aboios

Mas na rua, ante à TV, 
uso máscaras
Evito perdigotos

Quando acabava a energia
Podiamos contar histórias do Rio Doce
Quanta alegria...

Ah, sons que hipnotizam os homens

Moedas a tilintar
Claque, em aplausos

“Meu nome é Ozymandias,
e sou Rei dos Reis: Desesperai,
ó Grandes,
vendo as minhas obras!”

É triste e duvidoso
Imaginar que a única
Mais avançada
forma de inteligência
No multiverso
Seja a humana

Algoritmos
O que será do amanhã?
Nem atino
Há de haver algum destino