LEIDE FREITAS

GRITO

GRITO

 

 

Talvez eu escreva 

que as folhas verdes ainda crianças, 

balançam ao vento, 

nas copas verdejantes de suas madres enquanto vêem o mundo dos humanos.

Escreva que as nuvens brancas 

e luminosas como algodão ao sol 

brilham irrequietas no céu azul,

e se movimentam com a velocidade 

dos ventos indiferentes ao mundo dos homens.

 

Ah! Os insensatos e insensíveis homens,

tão certos que são superiores

e que são os primeiros na cadeia alimentar,

tão certos que podem mudar o mundo inteiro,

explorar e modificar sua geografia.

Não conservam o planeta que habitam,

desejam colocar os pés em Marte

e desvendar sua geologia, cobiçam

transformá-lo em um novo habitat

para os espaciais passeios humanos.

 

Mas a verdade precisa ser dita,

mesmo que meu alcance seja pouco,

não reverbere nunca na multidão,

e meu grito seja baixo e rouco.

Tudo o que vivemos no presente

é um mundo cruel e salvo engano,

uma pandemia ainda infinda,

gente sem lar, emprego e pão.

Gente pedindo esmolas nas ruas,

outras dormindo sobre o duro chão

das calçadas de grandes capitais,

e de tantas cidades ainda pequenas.

Todos pedindo ajuda estão, gritam

ao vento tantas necessidades

que o governo já não dá vazão,

auxílios pequenos e mensais

que mal dá para o triste pão

que não chegam a todos que precisam.