Marcelo Veloso

DOCUMENTO ÚNICO

Eu não sou um objeto,

e, tampouco, um dado estatístico,

muito menos um assunto,

de noticiário jornalístico.

 

Não sou apenas um número,

e, sequer, só mais um nome,

nem um referencial de coisa,

que se abstrai ou se consome.

 

Não sou como uma luz apagada,

tampouco um peso indesejável,

nem, também, um risco n’água,

pro mexerico tão sociável.

 

Não sou um dígito,

muito menos uma fantasia,

menos ainda, servir de foto,

pra expor em galeria.

 

Não sou um registro,

ou apenas uma citação,

quiça um documento único,

meio a tanta comparação.

 

Ainda que seja único,

sem detalhes de destino

de um revelar não tanto ufano.

Esmerado e sem dó, comento,

num falar, bem cristalino:

- Eu sou gente, sou ser humano!