Victor Severo

Carcaça

Eis que tudo já morre dentro de mim.

Nada me socorre a não ser o nada vindouro.

As bestas estão sedentas por meu néctar carmim.

Então à peso de ouro sou vendido ao matadouro.

Em breve serei pasto de vil nefasto festim.

Minha alma esfarrapada, tão desejado tesouro.

Com as vestes ensopadas de hemorragia sem fim.

Em febre descontrolada, em sonhos de mau agouro.

Hoje tudo o que me resta do que ontem foi jardim.

É terra seca, assolada pelo luto duradouro.