O INTROVERTIDO POETA
Pra começo de conversa
Falo aqui com meus botões
Se me ouço sem ter pressa
Me aprovo por convicções
Vou compondo meus poemas
Simples como entendemos
O estilo, a estrofe, e os temas
Resolvo eu, comigo mesmo
Igual um peixe no aquário
Poeta sou, compenetrado
Projeto luz noutro cenário
Estando só, mas, concentrado
A Ror me causa desconforto
Desfruto paz na introversão
A noite é nau, o quarto o porto
E a lua é deusa da inspiração
Lá fora alguém que me espera
Darei bom dia no amanhecer
O vento sopra na atmosfera
Levando os versos até você
No exilio expiro, introvertido
Componho rimas no anoitecer
O bem que quero a mim servido
É o bem que tenho pra oferecer
Se esvai a vida e o sopro cessa
Findo o vigor resta a fraqueza
Perfeito faz quem não se apressa
Miséria à beça não é riqueza
Meu canto flui do interior
Onde razão tem razão de ser
Amor contido é jardim sem flor
Precisa expor, e alguém colher
Pensar consigo é ser prudente
Seguir à risca no mar sem fim
Versar poemas pra essa gente
Como me fosse versar pra mim
À quem não vive melhores dias
E trava embates nas emoções
Presto auxílio nestas poesias
Após prosar com meus botões
(02 de Janeiro - Dia Mundial do Introvertido)