Liberto-me desse amargo tempo,
tempo de intolerância, insano tempo.
As amarras não se apagaram, somos escravos,
escravos do medo, da fome, dessas incertezas.
Voraz o tempo que nos consome!
Tempo aniquilante entre maledicências.
Um cenário escuro se acerca, todos os dias,
não nos libertando entre muros cinzentos.
Essa miséria socializada me deprime.
Andarilhos por aí passam desolados.
Por aqui ficam vasculhando sua fome.
Deixei meu tédio para lá.
Sinto esse deserto, essas carências.
Esse desconforto velado, essa falta de comida.
Nessa máquina de consumo,
Sinto teu silêncio gritante, teus arremedos,
camuflada nessa falta do básico, nessa falta de afeto.
Uma tristeza me envolve nesse caminho.
Observo o tempo que voa nesse mundo que não muda,
nessas pessoas confusas, abusivas, entre sombras.
Meu tempo passou, me deparei com essas mazelas,
com esses corpos maltrapilhos, sem destino,
sem perspectiva nessa vida insana, descontinuada.