Queria escrever poesia,
sobre coisas belas como ela.
Quedei-me maravilhado por horas
a par dos ledos emboras
arrisquei-me à lua fria,
só cabia na janela.
Derramou suas lágrimas,
gélidas saudades lembrava.
Joga cá nuas ilusões
a fracos corações:
Sela tuas lástimas
pobre lua alva.
Por que murmúrio crias
a banhar-me a lapela?
Sei já que choras,
perdendo teus agoras.
Treslouca ora rias,
que tranca tua cela?
“Falhei às almas plácidas,
de muito as desejava.
Exalam, de pronto, vilões,
sentimentos a más intenções,
tão triste, embora ávida,
que incertos amores arfava”.
Lágrima que assim se evadia
toca a falar-te, ó bela:
Alegra, pois, por meus outroras,
que a amei pelos muitos aforas
tão bela quanto foste um dia,
Amada minha, Cinderela.