Italo Santos

Triste Lua

Queria escrever poesia,

sobre coisas belas como ela.

Quedei-me maravilhado por horas

a par dos ledos emboras

arrisquei-me à lua fria,

só cabia na janela.

 

Derramou suas lágrimas,

gélidas saudades lembrava.

Joga cá nuas ilusões

a fracos corações:

Sela tuas lástimas

pobre lua alva.

 

Por que murmúrio crias

a banhar-me a lapela?

Sei já que choras,

perdendo teus agoras.

Treslouca ora rias,

que tranca tua cela?

 

“Falhei às almas plácidas,

de muito as desejava.

Exalam, de pronto, vilões,

sentimentos a más intenções,

tão triste, embora ávida,

que incertos amores arfava”.

 

Lágrima que assim se evadia

toca a falar-te, ó bela:

Alegra, pois, por meus outroras,

que a amei pelos muitos aforas

tão bela quanto foste um dia,

Amada minha, Cinderela.