em alguma estranha estrada
estranhei teus olhos
olhos esses que por um tempo
seguiam os mesmos caminhos que os meus
mas em uma tarde ensolarada
quando o tempo não era nada
percebi que estar aqui me perturbava
percebi que teus olhos
desavisados pairavam por aí
sem querer saber de mim
cai em choro derradeiro
nesse abismo a esmo
que por séculos habitei
ouvi canções das mais melancólicas
e escrevi nossas histórias
no poço do adeus
gritei com o vento
e amaldiçoei essa estrada
me escondi no mais distante
penhasco da existência
evitei meu reflexo
e os relatos desconexos
que me trouxeram até aqui
travei batalhas com gigantes
tentando me afastar do medo constante
de coisas que eu não poderia fugir