E ela caminha fazendo sua direção,
Enquanto lembra do que lhe foi negado,
Guiando seus filhos pelas mãos
E com seu peito amargurado.
Tyler, seu mais novo,
Com um brinquedo que vale mais do que ouro
Lhe foi dado por um pássaro em seu passado
E Rebeca, uma pequena moleca
Que queria que o pássaro não tivesse voado.
Aquela mesma mulher
Que mostrara um sorriso tão escaldante
Agora senta-se perto da estante
Com um porta-retratos em uma mão
Lamentando o vôo do pardal
Para além de outra dimensão,
Pois a lágrima que hoje molha o chão
Já deu lugar ao seu coração
Que em meio à escuridão
Ditava a direção
Que mantinha o pequeno pardal
Com os pés no chão
Bela, sem extravagância
De demasiada elegância
Seu corpo de exuberância
E com uma mente capaz de derrubar qualquer ignorância
Todos os dias a vejo preparar o café
E acordar suas razões de viver
Com um abraço mais caloroso
Que qualquer chaminé
E novamente os guia
Segurando na mão
Até que um dia eles tenham sua própria direção
Voando no céu livre
Um olhar triste
O amor que resiste
Na saudade insiste
Sabendo que longe está
E jamais poderá voltar
Com suas asas brancas
E o peito vazio
O pardal canta
Mas ninguém ouve um pio
Aquela mulher de sorriso escaldante
Já foi amante
Mas está tão distante de poder se consolar
E o pardal está lá
Ao seu observar
Sem nunca deixar nem um mal alcançar
Da alvorada ao crepúsculo
Ele protege a mulher
E seus filhos
Com olhar tão ingênuo e minúsculo
Do mal desse mundo sem escrúpulos
No qual seguem vivendo
Pardal que não pode mais voltar para seu ninho
Bailando sozinho
Na brisa infinita
Com voz que não grita
E uma face fria
Enquanto a lágrima caia
Mas em meio a chuva
Ninguém o via
O que só ele sentia
E maldizia
Asas tão bonitas
Que não o levavam pra onde queria
Voando no céu livre
Um olhar triste
O amor que resiste
Na saudade insiste
Sabendo que longe está
E jamais poderá voltar
Com suas asas brancas
E o peito vazio
O pardal canta
Mas ninguém ouve um pio
Moça perfeita
Reconhece o canto
Da voz que lhe aquece o peito
A voz de seu pardal cantando próximo a seus ouvidos
Que também cantava para seus filhos
E escutando o canto
Todo medo se esvai
Dos filhos que tinham orgulho de chamá-lo de
Pai
Foi-se num incidente
De outro homem que trazia o perigo iminente
Vendo sua família em perigo
Pôs-se em frente
Para que enfrente
O homem, que armado, deu alarde
E de maneira covarde
Feriu o peito do pardal
Onde mais arde
No fim de sua última tarde
O homem agora
Devido o ocorrido do passado
Havia enfim ganhado suas asas
Dignas de um pássaro
Neste limbo guarda
Sua família adorada
Enquanto aguarda
Pelo dia que poderá rever
Sua tão doce amada
E aqui estou
Com coração em destroços
Pois enxerguei a luz no fim do túnel
Mas era o brilho dos seus olhos