Me tiraste daquele poço.
Me tiraste daquela corda.
Que a tanto tempo féria meu pescoço.
Tirou a cadeira que trancava a porta.
Hoje sou reflexo do seu esforço.
Céu escuro sob minha cabeça.
Relembrando sua voz.
Antes que me esqueça.
Aquele sentimento de fraqueza.
Transbordando em mim.
Com toda sua gentileza.
Eu não passava de meros esboços.
Traçados em linhas tortas.
Sem nenhum pingo de esforço.
Em um papel feio e mal usado.
Amassado e guardado no bolso.
Tirado do lodo todo despedaçado.
Achado por você, fui remendado.
Linhas belas em um papel inútil.
Esboços que você insiste em mexer.
Estragos esses que nunca irei esquecer.
Mas na ponta do seu lápis.
Curvas e linhas retas começam a aparecer.
Me colori de cores simples.
Cores que fazem meu tom escuro, enfraquecer.
Teu olhar me molda.
Teu sorriso me lapida.
Seu jeito me destrói.
E me faz ressurgir da cinza.
Teu rosto me fascina.
Cobre meus borrões com tinta.
Me cativas antes que seja tarde.
Sorri para mim, me deixe a vermelhar.
De todas, essa e a melhor parte.
A parte que você com um simples oi.
Me transformou de borrões a obra de arte.