Escrevo.
E é como me salvo de mim mesma . Escrever é como o canto de sereias que ameaça naufragar o incauto navegador,meu provável leitor.
Evita sim,que eu me afogue em mim mesma.
Escrever lança luzes nas ocultas trevas de um porão onde há um baú. Nele escondo,zelosamente,meus medos inconfessos,minhas dores,as sentidas deveras e as nao_sentidas mas,tão consentidas. Solto meus uivos,lambo minhas feridas,mas sinto, também, o gosto de sangue de minhas vítimas,essas que mal amei,a quem descuidei,gente de quem me afastei com desdém de soberania.
Resquícios de meu passado estão neste baú. Mesmo bem fechado,as coisas lá guardadas,esgueiram_se e vêm a minha mente .
Eu as temo,de certo modo sim. Mas, o que temo mais é um meu inconsciente e auto_ julgamento .
Minhas vontades,desejos inconfessados,todos lá dentro,presos,censurados!
Vontade de ainda crer que o beijo é um doce segredo que faz da boca um ouvido onde sussurro meus anseios . O beijo vem para silenciar as palavras que não digo,apenas receio.
Maria Dorta 20_12_2021 escrito em 7_9_1979