Jonas Teixeira Nery

Ah, esse tempo!

O tempo passou!

Passou levando minha infância,

levando meus amores e desamores,

deixando cicatrizes nessa caminhada.

 

Começamos a morrer quando nascemos,

nesse tempo que nos foi concedido,

nessa luta incessante entre nascer e morrer.

Faz-se e desfaz-se muitos amores entre sonhos.

 

A vida passou com o tempo,

esse tempo de loucas e dilacerantes entregas,

nesses filhos que crescem, nesses amores que definham,

o tempo é inexorável, esse tempo de incertezas.

 

Ácido esse tempo que nos envelhecem,

que gera rugas, bengalas e solidão.

Quantos filhos, quantas noivas, quantos ais,

se diluem com o tempo, que transforma tudo.

 

Transforma nossos sentimentos, nossos desejos.

Emolduram-nos solidões permanentes, entre tempos.

O tempo passou na varanda da minha casa,

levando-me nessa correnteza de angústias e tristezas.

 

Conflito permanente nessa vida, resultado desses tempos!

Assim passou o tempo das minhas reminiscências.

Passaram-se meus sonhos, meus ardores ofegantes.

Ficaram esses olhares longos nesses tempos desbotados...