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Nelson de Medeiros

MÁQUINA DO TEMPO

MÁQUINA DO TEMPO

 

                        Não creio que tudo na vida seja predeterminado; não mesmo. Apenas certos acontecimentos que marcam períodos importantes de nossa existência já vieram conosco de onde viemos.  

                        Acredito, sim, em tendências. Nossos atos é que determinam as tendências do nosso destino quando estes acontecimentos ocorrem. É que eles trazem consigo uma gama de insatisfações, de dores, de incompreensões, de amarguras, intolerâncias, frustações etc., que são os carmas descritos pelos budistas e hinduístas.

                        Tendências são quase pré-escolhas, pré-decisões de nossa consciência, do nosso livre arbítrio. Elas também vêm conosco e afloram, diuturnamente, em nossa mente. São impressões que marcaram, um dia,  nossa  derrocada moral e se repetem no dia de hoje, como uma prova a desafiar a nossa capacidade de aprendizagem pelo dor já sofrida.

                         Nosso “destino”, então, que é traçado por nós mesmos, pode ser relativamente mudado a partir do momento em que escolhemos, tomamos uma decisão e a colocamos em prática.

                        A vida pode ser comparada a uma viagem com vias bifurcadas e rodovias vicinais, mas cujo destino é certo e imutável: O progresso moral e intelectual da alma, adquirido através de inúmeros percursos.  Cada estrada escolhida e percorrida por nossa vontade apresenta uma tendência mais ou menos inevitável que, realizada,  atrasará ou adiantará nossa chegada.

                        Tudo contribui, nesta escolha, para isto. A maneira que a percorremos, as atitudes que tomamos em relação aos outros neste percurso, e, principalmente os meios que empregamos para atingir o objetivo escolhido.

                        A vida, queiramos ou não, funciona assim, desde sempre: Somos livres; escolhemos o que queremos, colhemos o que plantamos. Não somos robôs fabricados com programas de vida adredemente traçados. Se assim fosse nenhum mérito teria o bem que praticamos e nem os erros que cometemos e que resultam em prejuízo do próximo ou de nós mesmos, seriam condenáveis. Não vivemos ao léu, como folhas secas ao sabor da brisa.

                        Nossas leis civis e criminais são, todas, arremedos da Lei pré-existente, imutável. A Lei Natural que nada mais é do que o passado revivido no presente, nos alertando para o futuro que nosso livre arbítrio pode melhorar.

                        Nossa consciência é a verdadeira e única máquina do tempo que nos transporta pelas dobras do infinito.

                        Nelson de Medeiros

                        17/12/2021