Carlos Lucena

AVENIDA DA MINHA VIDA

AVENIDA DA MINHA VIDA

Eu gosto de ti
Cabana e útero
Que deu forja e sombra.
Bebi do teu ventre 
E nas tuas veias gravei meus rastros
Como se eu navegasse em pedras hoje revestidas de betume.
Teus braços antes pequenos, hoje se extendem na direção do céu
Para parir a luz antes minguada.
Te arrancaram três vezes
Cortaram flores
E teus canteiros se esconderam nas propostas do futuro
Muitas janelas se fecharam
E portas se abriam para novos sonhos.
Mas continuo passeando imprimindo meus passos.
E por aqui
Em cada porta
A foto risonha
Que nem o tempo apagou
A alegria de quem por aqui um dia também sonhou.
E eu continuo aqui na vida
Sentado no banco dessa Avenida...