Leonardo Ribeiro

Lágrima de Sangue

Indescritível  
Meu andar é duradouro e sinto padecimento em minhas pernas
Observei meu olhar através de um espelho cansado 
Farto em presenciar a lágrima de um homem jovem
Nascido em uma fábrica e destinado ao sofrimento alheio 

O tempo e sua trajetória natural resolveram tirar férias 
As gotas de chuva se pausam ao meu redor e choram por mim 
Os camaleões se camuflam pelos madeiros para me ver descansar no almoço 
Restou-me um profundo vácuo em meu seio másculo 
Entre peregrinar ou assentar-me em um banco debaixo das árvores
Preferiria que os vasos do meu coração se rompessem ao sol do meio-dia 

Os anjos poderão sorrir entre os horizontes quando o amanhecer bater em sua janela
Pássaros formalizarão harmonias enquanto você escova os dentes 
Quando calçar seus sapatos talvez exista um amor esperando em sua porta
Para lhe abraçar enquanto lençóis acolhem o meu suor 
Enxugam a minha saudade e faz-me parar em teu sorriso 

Andarei pelas beiradas de um lago gelado e molharei as pontas de meus dedos 
A vastidão do meu ser transfigura-se entre as correntezas profundas
Afogo-me no perfume que envolve a sua pele macia e calorosa 
Tocaria seus lábios conforme meus sonhos perturbadores 
Tornando infinito as enchentes que percorrem minhas narinas exaustas 
Abrindo meus pulsos entre as estrelas e o universo de minha pele.