Indescritível
Meu andar é duradouro e sinto padecimento em minhas pernas
Observei meu olhar através de um espelho cansado
Farto em presenciar a lágrima de um homem jovem
Nascido em uma fábrica e destinado ao sofrimento alheio
O tempo e sua trajetória natural resolveram tirar férias
As gotas de chuva se pausam ao meu redor e choram por mim
Os camaleões se camuflam pelos madeiros para me ver descansar no almoço
Restou-me um profundo vácuo em meu seio másculo
Entre peregrinar ou assentar-me em um banco debaixo das árvores
Preferiria que os vasos do meu coração se rompessem ao sol do meio-dia
Os anjos poderão sorrir entre os horizontes quando o amanhecer bater em sua janela
Pássaros formalizarão harmonias enquanto você escova os dentes
Quando calçar seus sapatos talvez exista um amor esperando em sua porta
Para lhe abraçar enquanto lençóis acolhem o meu suor
Enxugam a minha saudade e faz-me parar em teu sorriso
Andarei pelas beiradas de um lago gelado e molharei as pontas de meus dedos
A vastidão do meu ser transfigura-se entre as correntezas profundas
Afogo-me no perfume que envolve a sua pele macia e calorosa
Tocaria seus lábios conforme meus sonhos perturbadores
Tornando infinito as enchentes que percorrem minhas narinas exaustas
Abrindo meus pulsos entre as estrelas e o universo de minha pele.