Carlos Lucena

POÉTICA

POÉTICA
Não escrevo palavras
Elas podem calar  
Não creio nos versos
Creio na realidade dos encantos
No êxtase dos 
Espantos
Uma estrela pisca
Na escuridão do céu
E na manhã seguinte
Posso ouvir 
A música das abelhas
Puro favo 
Puro mel
E do útero da colméia
A poesia parida
Antes fecundada
Sem métrica
Sai assim louca desvairada
Ora protesto
Ora manifesto
Desvenda a flor
Como a abelha
E brilha como centelha
Arde como dor
E dói como amor.