DE ONDE EU VIM?
De onde eu vim?
De onde?
Da arte no sangue
Do amor com amor se paga
Do jardim florescido
De um arvoredo vivido
Eu sou do oriente?
Continente, contrapartida?
Sou de gestos largos
E em mim exalto
Voz grave contralto
Vim da poeira e do pó
Sei que não sou daqui
Medito e rezo
Paixão e água benta
Lucidez plena
Poesia que arrebenta
Corpo aceso
Lago que corre
Canção na boca
Flor sem espinhos
Poesia, meus caminhos
Daqui não sou
Nem de outro continente
Nem de outro ocidente
Sou chama ardente
Queima e aqui não me faço presente
Sei que não sou daqui
De onde eu vim não está no mapa
Sou de tantos outros caminhos
Que como tantos aqui em descaminhos
Não navego em espinhos
Dentro de mim outras galáxias
Aqui sou um jardim abandonado
Sou água que corre e não cessa
Sou mar, ondas, espumas e correntes
Pago com amor a quem o sente
Terra desconhecida
Sou um desconhecido
Irreconhecido
Sou paixão, libido
Espinho no dedo
Sou grande vivido
Sou cordas de um violino
Vlad Paganini
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