Vejo-te perenemente saindo do próprio meio,
buscando, sem afã, uma vida total,
despropositadamente nascente das angústias plenas,
participante dessa loucura, nessa desordem de tantas vidas.
Somos mais reais quando não representamos,
ainda que destoantes nessa vida de amor e ódio,
semente irônica de nossas famílias torpes,
entronizando falsidade na construção dos nossos passos.
Não nascemos para os sortilégios de palavras a esmo,
naturalmente construídas nesse cotidiano de incertezas,
buscando em teus sonhos dispersar esses conflitos permanentes.
Vejo-te alçando voo nessa busca dos teus sentidos.
Vejo-te perenemente reflexivo nessa caminhada,
desgarrado desse desejo de posse, refazendo os teus passos,
cada dia te vejo forte, na conquista da tua liberdade,
sem opressão, destemido, nessa vida.