eu sonhei com esse dia, esse dia em que eu estaria pálida e sem sangue correndo em minhas veias
sonhei tanto, eu desejei isso de não abrir os olhos mais com todo meu ser
eu morri, perdi a cor, meu sangue não corre mais, meus olhos se fecharam e pretendem nunca mais se abrir
a mais sonhada confraternização de minha vida, meu velório, sonhei que aqueles que me amam chorariam mas eles debocharam
sonhei que sentiriam minha falta mas eles assistiram meu corpo entrar em decoposição como se ele ter vida não fosse mais normal
eu assisto tudo isso junto, porque eu realmente morri mas ainda estou aqui, é confuso de entender mas existe esse limbo onde me encontro, onde eu vejo assisto e tem vezes que me sinto morrer.
eles estão vendo tudo isso só não percebem que essa palidez de alma, é minha essencia esfriando após minha morte precoce
eu era um deles, estava bem lá no meio da plateia me vendo afundar, me vendo perder o ar, eu chorei, não porque aquilo doeu em mim mas em meu corpo, lágrimas correram pelo meu rosto protestando pela minha vida
teve dias que era dessesperador eu queria simplesmente me consumir para nunca mais ter que assistir isso, esse show de horrores dentro de minha cabeça
é assustador perceber que ninguém protesta contra sua morte além do seu corpo, porque tem vezes que sua alma te traí
eu decidi viver, não por você, mas pelo meu corpo, porque ele foi o único que chegou a se desisdratar ao me ver definhar.
viva pelo seu corpo, por você e não deixe sua alma te trair, morrer de alma é doloroso então não passe por essa dor, ou passe, passe porque as vezes é necessario ter essas cicatrizes, para sabermos quem nunca irá sair do nosso lado, e esse alguém é você.
-a todos aqueles com corpos protestantes
ass: meu corpo morto