Tenho medo de me perder
De não saber o caminho
Tanto ainda para percorrer
Debaixo do braço, um pergaminho.
Desafiei o desconhecido
Parti em busca de alguém
Com o objetivo estabelecido
De não voltar sem ninguém.
Viajei por países longínquos
Ao olhar nos rostos diferentes
Sentimentos oblíquos
Sensações divergentes.
Aventurei-me nos mares
Mas nem as correntes nem as ondas
Me mostraram os pilares
Só neblinas hediondas.
No Pacífico tudo tão longe,
O Índico tão cheio de ilhas
E eu aqui feito monge
À espera apenas de maravilhas.
Esgota-se o tempo para te encontrar
Tenho a sensação de que me afasto
Então no Atlântico decido voltar
Deixar este percurso nefasto.
Ao chegar ao ponto de partida
Dou por mim à tua frente
A minha mulher prometida
E eu que andei contra a corrente.
Tanto tempo perto de ti
E nunca me apercebi
Que às vezes o longe está perto
Basta desafiar o incerto.
Filipe Pires