Arlindo Nogueira

PRENDA

A pampa pariu a prenda

E na fazenda foi criada

Beleza por encomenda

Dessa prenda apaixonada

Que no campo fez agenda

Sua vida ali foi trançada

 

Colar feito de miçangas

Cor de pitanga madura

Vestido de meia manga

Um coração de ternura

Cresceu junto da sanga

De canga pela cintura

 

A prenda por muitos anos

Cortou o minuano no talo

Gineteando pela fazenda

Laço de renda no embalo

Rédea solta pelos ombros

No lombo do seu cavalo

 

A prenda de rosto liso

De sorriso de quimera

Pelo campo de estribo

Uma flor da primavera

Sua vida é como o livro

Texto da bela e da fera

 

Tudo mudou de verdade

Num tropel de contenda

Qual foi a subjetividade

No íntimo dessa prenda

Que ainda pulsa saudade

Dessa madre na fazenda