Marçal de Oliveira Huoya

Nós Outros

Quando
A gente não era coisa alguma,
Você era qualquer uma,
E eu era qualquer um,
Somente éramos uma imagem comum,
Um passando pelo outro,
Para um encontro,
Em qualquer ponto,
Faltando tão pouco,
A gente nem alma era,
Era só corpo,
De almas a espera,
Suas lágrimas corriam,
Mas não me molhavam,
Nem as minhas lágrimas te comoviam,
Meus beijos não lhe chamavam,
E o seu corpo só me atrairia,
Meus olhos poderiam até te procurar,
Pelo simples e cínico desejar,
Mas seus olhos nem me veriam,
Por não sofrerem o meu olhar,
Nada me dizia como foi seu dia,
E como seria o depois,
E o que aconteceria a nós dois,
Nao lhe preocupava,
Se eu não lhe sorria,
E o que um indiferentemente ignorava,
O outro distraidamente desconhecia,
E assim era como o destino tramava,
E assim era como a gente vivia,
Planos secretos do que aconteceria,
Que ninguém me avisou,
Nem você, não sabia,
E agora que o amor chegou,
Juntou o que estava separado,
Trouxe você e me apresentou,
Prazer, quem é você?
E você, quem você é?
Um homem, uma mulher,
Vidas que vão se conhecer,
O tempo nos juntou,
E agora tudo aquilo mudou,
Quando você não está,
Seja onde você for,
Eu estou do seu lado,
E quando estou afastado,
Pra variar,
Você está onde eu estou,
E se isso não for amor,
O que será?