Arlindo Nogueira

SÃO SEIS HORAS DA MANHÃ

Sucumbe a noite cinzenta

Some a luz dos vagalumes

Os pássaros causam ciúmes

Ao voar cantando quimeras

Nas manhãs de primavera

Nas hastes da inflorecência

Da linda flor da hortênsia

Gorjeiam hinos à atmosfera

 

A flor exala seus perfumes

O céu vai mudando de cor

Prelúdios de mil amores

Já nascem ao amanhecer

E o Sol com o seu poder

Tece raios a toda a prova

Dá à terra a energia nova

Força na vida de cada ser

 

Agora são quase seis horas

Rompe aurora densa neblina

Cobre de véu branco a retina

Há um ensombrecer de magia

Mas o desvelar do novo dia

Abre as cortinas nos montes

Raios de Sol pelo horizonte

Propagam luz com harmonia

 

Os átrios pulsam o novo dia

Vida que segue o seu destino

Estrela d’alva se despedindo

Canta o sabiá no pé de romã

A brisa do dia é cheia de fãs

Qual colibri na flor do jardim

Do orvalho do brilho sem fim

Agora são seis horas da manhã