DO TEMPO, O SILÊNCIO
Eu andei sobre tempo de um instante
Que passou desde o ventre da barriga que o próprio tempo gerou.
E ouvi a poesia
Que esse mesmo ventre declamou.
Eu ouvi o silêncio dos úteros presos
Nas entranhas
De um corpo que silenciou.
E hoje os cabelos brancos
Recaem sobre este corpo
Prateando a fronte
Que a esse mesmo tempo condenou
E eu ouvi indeciso
Não a canção que preciso
Mas o verso decisivo
Que o próprio corpo recitou
escritos nas partituras
De rugas em
Que o próprio homem nos instantes de um tempo
Esta mesma partitura a rasgou.
E não eram gritos e nem notas musicais
Eram gemidos de uma canção que o velho tempo musicou!