Jonas Teixeira Nery

Despedida

No interstício desse amor,

vou construindo minha vida,

refazendo passos perdidos, desamparados,

alçando voo, sem retórica, nessa paisagem.

 

Novamente o imaginário se propaga,

acalentando os sonhos passados,

desfazendo rimas dessa música triste,

perpetuando solidão tão decantada.

 

Impunemente esse amor se desfaz,

sem queixas, semeia silêncios atrozes.

Visceral, derrama fome nesse leito,

demente explode nesse amor inquieto.

 

Primordial entender nesse crepúsculo,

construído nessa fome de sentir,

rasgando páginas dessa estória de angústia,

avesso aos gestos diluídos, nessas paisagens amorfas.

 

Estúpida ausência concebida.

Lágrimas contidas, nessa partida,

semeando dor impunemente,

na vida desolada desse ser traído.

 

No interstício da tua partida,

vou cicatrizando minhas angústias,

dissipando essa tristeza natural, inconcebível,

cilada permanente nesse desamparo ofertado.

 

Reconstruir a vida, nessa ausência!

Dorme a sombra meus descompassos,

agonizando marcas imprecisas entre ruínas,

engendrando amor e dor, nesse vazio desmedido.