Sandro Paschoal Nogueira

DESABITADO

#DESABITADO

Prazeres acomodados...
Gostos passados...
Amanhã já não vê...
É mofado o desejo...
Vive por viver...

De esperança em esperança...
Ansiando mudanças...
O brilho foi apagando...
Hoje já não sonha...
Não sabe mais o que fazer...

Quando a vida passa...
Lentamente se escassa...
E logo a maior vontade...
Morrer...

Ferida que dói...
Que a alma corrói...
Andar solitário entre gente...
Acostumando, nem sente...
Achando-se diferente...
Nem percebe estar doente...

Um não sei o quê...
Sem saber porquê...
Então se esconde...
Mudando o ser...

Do mal ficam as mágoas e as lembranças...
Do bem, só a saudade...
O tempo, sobre os ombros, fica pesado...
Sofre, sem perceber...

Enfim...
Converte em choro o canto...
O lamento é seu hino...
Há muito está morta a criança...
Sua luz apagou...

Seu sorriso e lágrimas secaram...
Plantou terrível destino...
Em si já não pode descansar...
O que lhe resta...
Ninguém pode explicar...

Sandro Paschoal Nogueira 

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