VEREDITO
Por mais que eu viva e mais aprenda nesta vida,
Por mais que eu sinta e veja aqui tanta maldade,
Mais me arrepio ao constatar que esta verdade,
É vil prazer que muita gente dá guarida!
Por isto eu vivo numa imensa soledade,
Bem afastado desta malta embrutecida!
Mas, penso, às vezes, se é correta tal medida,
E se essa escolha é um defeito ou qualidade...
Haverá, depois da morte, a cobrança do mal?
E o bem que não se fez? Não será um mal igual?
Que Lei nos aguarda no mundo do infinito?
-Não sei... Sei que do bem que fiz algo mereço;
E, muito embora pelo mal não tenha apreço,
Do bem que nunca fiz, aguardo um veredito!
Nelson de Medeiros