Guloso

Eu a não esqueço

Ela invadiu o meu peito,

Fez morada temporária no meu coração,

Brincou, desarrumou-me por dentro,

Dominou os meus olhos,

A minha boca, minhas mãos e os meus ouvidos,

Até quando quis,

E se foi sorrindo,

Mas deixou saudade;

Nunca mais eu a vi,

Nunca mais eu a procurei,

O peso do seu desamor

Esmagou o meu querer vê-la;

A lua, cavalgada por ela,

Perdeu o seu reflexo e deixou de iluminar as noites,

Insones com o pensamento nela,

Muitas e muitas vezes eu acendi uma vela,

Coloquei-a num oratório perto da janela de meu quarto

E pedi a Deus em oração que Ele a fizesse amar-me,

Mas Ele, que perscruta os corações,

Não me deu o amor dela;

A água das minhas lágrimas choradas por ela,

Escaparam pelos meus dedos assim como ela se foi,

Eu tentei segurá-las em minhas mãos,

Mas escorreram e não correram,

Assim como ela,

Mas ela deixou saudade

E uma grande mágoa,

Que tentou e tentou

Esquecê-la,

Mas a imagem dela,

Como um abutre de olhos cor de mel,

Sobrevoa a minha imaginação

E eu a não esqueci,

Ela invadiu o meu peito sem pedir licença,

Somente existindo,

Ela se foi sem dizer adeus,

Simplesmente se indo.

Eu a não esqueço.