Vi na distância do tempo se perder
Uma vaga silhueta humana,
Embora eu não conseguisse ver
A imagem com a nitidez precisa.
Via uma sombra indefinida
Talvez, só um pouco perdida
A caminhar estranha e só,
Sem saber exatamente aonde ir.
Alguém solitário na densa névoa
Lentamente caminhava a sussurrar,
Palavras que não conseguia ouvir,
Mas em meu ser podia imaginar.
Era uma jovem andarilha errante
Que buscava sozinha uma saída
E no seu vai e vem constante
Em um labirinto estava perdida.
Eram tantas entradas e saídas
Que tornava sua vida extenuante,
Era um interminável circular.
Sombras e caos era sua vida.
Estava cansada, triste e ferida,
Mas não desistia nunca de lutar,
Na inútil tentativa de escapar
Daquela prisão alucinante.
Sim, reconheci aquela estranha,
Reconheci sua voz suave no ar,
Reconheci seu jeito de caminhar.
Era uma parte da minha essência,
Que jazia em um labirinto esquecida
E não sabia ainda como retornar.
Fiz um esforço e emergi a luz solar
E hoje canto um hino à vida.