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LEIDE FREITAS

ASCENSÃO

Vi na distância do tempo se perder

Uma vaga silhueta humana, 

Embora eu não conseguisse ver

A imagem com a nitidez precisa.

Via uma sombra indefinida

Talvez, só um pouco perdida

A caminhar estranha e só,

Sem saber exatamente aonde ir.

 

Alguém solitário na densa névoa

Lentamente caminhava a sussurrar,

Palavras que não conseguia ouvir,

Mas em meu ser podia imaginar.

Era uma jovem andarilha errante

Que buscava sozinha uma saída

E no seu vai e vem constante

Em um labirinto estava perdida.

 

Eram tantas entradas e saídas

Que tornava sua vida extenuante,

Era um interminável circular.

Sombras e caos era sua vida.

Estava cansada, triste e ferida,

Mas não desistia nunca de lutar,

Na inútil tentativa de escapar

Daquela prisão alucinante.

 

Sim, reconheci aquela estranha,

Reconheci sua voz suave no ar,

Reconheci seu jeito de caminhar.

Era uma parte da minha essência,

Que jazia em um labirinto esquecida

E não sabia ainda como retornar.

Fiz um esforço e emergi a luz solar

E hoje canto um hino à vida.