A dicotomia do capital financeiro
Gera o acúmulo de riqueza
Sob a égide do dinheiro
Trazendo a nefasta consequência
Da fome, do desemprego,da pobreza .
Enquanto uns poucos detêm
No mundo as rédeas do poder financeiro,
Regido cada vez mais por ganhos,
Na gula dos impudicos arreganhos -
Lucros extraordinários, tendência
De mais aumentar a fortuna ,
A grande maioria nada tem,
Algo que coaduna
Com a perversidade do capital financeiro,
Fazendo mais ricos quem muito possui
E aumentando mais a pobreza .
Neste contraste cruel e desumano
Há quem advoga malevolamente
Que desde os primórdios dos tempos
É assim que deve ser ,
Porque na luta pelo pelo poder,
Pela contingência da vida
Sempre haverá ricos e pobres,
Os remediados e nobres,
O rei, o sultão,
O praça, o general,
O mendigo , o ricapulão,
Os abastados, os esfomeados,
O coroinha, o capelão,
A burguesia, os miseráveis!...
Haverá, sempre , na perversa contradição
Deste mundo desigual ,
Para uns , bafejados
Pela fortuna , benesse do capital -
Mesas fartas, banquetes desenfreados,
Dinheiro à beça para esbanjar
Como lhe der
E conviver,
Numa ânsia tresloucada de gastar!...
Ao desvalido da sorte,
A morte
Lenta pela privação
De básicas necessidades!
Tamanha perversidade ...!
Nem as migalhas que caem
Da mesa do rico, lhe cabe.
E segue a vida
Ampliando desigualdades,
Expondo as feridas
Do corpo, da alma e do coração,
Caucando o pobre na indignação
Da fome, da humilhação
Do desemprego, órfão
De assistência governamental!
O milionário, na festança
Se esbalda,na gastança ,
Faz figa --
Se exibe , degustando
Lautos banquetes, se lambuzando
Na iguaria do caviar
Nos festins e bacanais ;
O pobre, aquele que só tem de seu
O sofrimento e a resignação,
Vive a dor, a aflição
De catar lixo, de vasculhar
No lixão
Qualquer migalha, qualquer
Resto de alimento
Para não morrer de fome.
Não tem pão, come osso.
Não tem emprego, mendiga.
Nao tem plano de saúde, morre
À migua, nas filas de hospitais
Públicos, ou escapa
Graças ao SUS, que o socorre!