... então, despropositadamente, você surgiu.
Entrou, tão lentamente, em minha casa,
com seu olhar emoldurando essa tarde abstrata.
Tarde que desaparecia nesse remanso e lassidão.
Depois, foi tudo uma catarse, entre confissões.
Foi tudo um transbordamento de carícias,
tudo pleno, nessa tarde cortante de silêncio.
Veio os espasmos com os toques de nossos dedos,
nossas mãos se tocando, nossos corpos em deleite.
Veio a embriaguez, misturando-se, entre odores,
nesse dia que amanhecia, refazendo carícias, entre afagos.
... então, propositadamente você se foi.
Perenemente permaneço mergulhado nesse pântano.
Há ainda a ilusão se mesclando a realidade, nesses ecos!
Há a mão que permanece vazia, o peito que insufla.
Uma tristeza vaga, impregnando tanta dor, reticente,
nessa triste manhã banalizada com sua partida repentina.
Nenhum lugar para ir, deixou-me uma noite enorme.
Noite de olhos precários, nessa desordem, nesse abandono.