Carlos Lucena

ECOS

ECOS

Divina cor do breu
Que o Sol esqueceu de alumiar.
Quase apagam a cor que a dor  em si a descreveu
Trazida pelas naus
Cruzando o mar.
Hoje se iguala a
Humilhação
Porque o breu da pele ainda lhe faz a descrição 
E como outrora, o sangue nas ondas escorreu.
Hoje de outro jeito aquela haste grossa e em riste
Que afrontava a cor e machucava peito
Como castigo já não mais existe
Mas ainda escorre nas praças e calçadas
Senzalas cortadas pelas balas
E nas portas das empresas
Nas cozinhas
Abandonadas
O eco da escravidão
Que mesmo sem algema
Sem grilhão
A tez ainda joga ao chão
A cor descrita pela dor
Que ainda maltrata o coração!